Contemplação II – Multiversos Peculiares

Contemplação II – Multiversos Peculiares

R$ 90,00

NAS TRILHAS DA PINTURA E DA POESIA
Neide Medeiros Santos

Caminhante, são teus passos
o caminho e nada mais.
Caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
(Antonio Machado. XXIX. Provérbios Y Cantares).

Alan Suassuna e Dorian Dorison vêm perseguindo os caminhos da pintura e da poesia há certo tempo, agora nos brindam com Contemplação II: Multiversos Peculiares e procuram reunir a pintura e a poesia de modo harmonioso e artístico. No primeiro livro da série, predominavam anjos alados, que continuam presentes, agora com o acréscimo de outros temas pictóricos.

A trilha artística não é uniforme, ela tem nuances performáticas, guarda surpresas e pode algumas vezes causar espanto. O poeta Ferreira Gullar apregoava que a poesia nascia do espanto. Diante de uma obra de arte nos quedamos, muitas vezes, estáticos, querendo compreendê-la, esquecendo que o objeto artístico não precisa, necessariamente, ser compreendido, é muito mais para ser sentido. Quem entendia muito bem desse risco do bordado da Arte era outro poeta – Fernando Pessoa. No poema XXIV, o heterônimo Alberto Caeiro expressa o que é essencial:

O essencial é saber ver.
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.

Caminha-se ao sabor do vento pelas páginas do livro, na companhia dos textos e das pinturas que se apresentam em Obras de Arte e Poemas Diversos e Projeto Artístico em 14 dias. Se o essencial é saber ver, a leitura desses poemas proporciona esse encontro visual.

O primeiro poema do livro – No caminho para Nagoya – é um convite para visitar a cidade japonesa que se caracteriza pela diversidade culinária, seria uma espécie de Pasárgada, de Manuel Bandeira. No poema bandeiriano, de caráter utópico, a liberdade permite tudo – ter a mulher que se quer, fazer ginástica, andar de bicicleta, tomar banhos de mar e, principalmente, ser amigo do rei. Em Nagoya o que atrai o viajante são as amoras deliciosas, as flores silvestres que exalam um perfume adocicado e o sabor dos pratos coloridos e aromáticos. É um lugar que convida o viajante que a visitou uma primeira vez a voltar, atraído pelas delícias da comida.

O livro contém alguns contos de teor memorialista e ensaios que remetem a Freud. Eles se entrecruzam com os poemas, com as pinturas e formam um terceiro tom ao lado dos textos poéticos sem desvirtuá-los.

No Projeto Artístico em 14 dias é visível a influência das histórias em quadrinhos, certamente leitura da infância e adolescência do pintor/poeta. Qual foi o menino que não leu HQ na infância no século XX? Era uma leitura que fazia parte do dia a dia. Para alguns educadores, essas histórias eram inúteis. Ledo engano! Quantas crianças não aprenderam a ler nos gibis? Mais modernamente, os heróis e heroínas aparecem em filmes, vídeos e exercem o mesmo fascínio das HQs.

Há muitas maneiras de viajar: a poesia, o romance, o conto, a pintura, a música, a Arte, de um modo geral. Todas as modalidades artísticas oferecem essas possibilidades. O escritor português José Saramago considerava que a felicidade tinha muitas faces, viajar era uma delas.

Vamos seguir as trilhas de Contemplação II: Multiversos peculiares e navegar pelos caminhos da poesia, dos contos e dos ensaios de Alan Suassuna e Dorian Dorison. E seremos felizes para sempre.

 

(Neide Medeiros Santos é Leitora Votante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, seção da Paraíba.
É membro da Academia de Letras da Paraíba e pertence à União Brasileira de Escritores – UBE/PB).

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